Abelardo da Hora
São Lourenço da Mata – PE | 1924 - 2014
Trabalhar com arte não estava nos planos iniciais de Abelardo Germano da Hora. Filho de uma família da classe trabalhadora, ele se preparava para cursar mecânica na Escola Técnica Profissional Masculina, no Recife, e posteriormente, estudar o curso superior de engenharia. Como não havia vagas na área desejada, ele ingressou com o irmão Lúcio nas aulas de arte decorativa. O talento natural de Abelardo fez com que ele se destacasse logo e chamasse a atenção do professor de pintura, Álvaro Amorim, e ganhou uma bolsa de estudos na Escola de Belas Artes.
Como presidente do Diretório Estudantil da instituição, começa a estimular exercícios dos alunos fora dos limites da escola e, em uma delas, vai até a Cerâmica São João da Várzea, na Várzea, do industrial Ricardo Brennand, onde o pai de Abelardo havia trabalhado. Ele chama a atenção do empresário, que o contrata para trabalhar com cerâmica na fábrica. De 1943 a 1945, exerce a função e influência o filho de Ricardo, Francisco Brennand, que se tornaria também um mestre na técnica da escultura.
Junto a outros artistas, como Hélio Feijó, Abelardo da Hora funda em 1948 a Sociedade de Arte Moderna do Recife, que busca romper com os moldes mais academicistas da Escola de Belas Artes. Abelardo é responsável por promover a primeira exposição de esculturas de Pernambuco, com dez obras suas, na Associação dos Empregados do Comércio de Pernambuco. Em 1952, Abelardo da Hora se lança em mais uma empreitada de fomento às artes, o Ateliê Coletivo, que buscava fomentar uma arte original brasileira e reuniu nomes como Gilvan Samico, Ladjane Bandeira, Wilton de Souza, Wellington Virgolino e Reynaldo Fonseca.
Politicamente engajado, foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular e se posicionou contra a ditadura militar instaurada no Brasil em 1964. Entre as temáticas presentes em sua obra estão o engajamento político, a valorização da cultura popular, da história de Pernambuco e dos trabalhadores, como “O Sertanejo”, na Praça Euclides da Cunha, cujo projeto paisagístico é de Burle Marx; “Cantadores” e o “Vendedor de Caldo de Cana”, no Parque Treze de Maio; “Monumento aos Heróis de 1817”, na Praça da República”; “Mural Nabuco e a Abolição”, no bairro de Santo Antônio, e “Os Retirantes”, no Parque Dona Lindu, entre outros trabalhos espalhados pelo Recife, em escultura e mural.
Além da política e da denúncia social (tema de muitas obras, como a icônica série “Os Meninos do Recife), outro tema muito presente em sua poética é a figura feminina, exaltada em várias de esculturas. trabalhada escultor primoroso, mestre de muitos mestres, Abelardo da Hora também teve uma vasta produção em desenho, pintura, cerâmica, desenho, gravura, entre outras técnicas.