Advânio Lessa

Lavras Novas, MG | 1981

Advânio Lessa nasceu e vive em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG). Sua arte é profundamente influenciada pela herança quilombola de sua região e pelos ofícios de seus pais, que eram cesteira e tropeiro. “Com eles, aprendi a essência da natureza. Com o meu pai, a da natureza bruta; com minha mãe, como modular essa natureza bruta,” disse o artista. Desde a adolescência, ele se dedica à arte e à agricultura, criando esculturas em escala humana a partir de troncos de árvores mortas, raízes e trançados de cipó, utilizando materiais encontrados nas matas da região de Ouro Preto.

Lessa busca conectar-se com a natureza de forma íntima, considerando-a uma coautora de suas obras. Ele utiliza madeiras como cipó-alho, cipó-de-são-joão, candeia, jacarandá, folha miúda e alecrim em suas criações, explorando as texturas e formas naturais.

Além de sua produção artística, Lessa se interessa pela capacidade humana de transformar contextos e relações, especialmente no que diz respeito aos saberes e espiritualidades dos povos africanos trazidos para o Brasil. Em 2023, apresentou a exposição “Se quiser saber do fim, preste atenção no começo”, com curadoria de Valquíria Prates. Essa exposição foi realizada no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, pelo Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA), como parte do Programa Raiz, que investiga a produção artística contemporânea de artistas da região com mais de 20 anos de carreira.

Ainda em 2023, a Pinacoteca de São Paulo adquiriu um de seus trabalhos, da série “Vida”, e, em 2024, aconteceu sua primeira exposição individual em São Paulo, intitulada “Redemoinho não leva pilão”, que aborda a importância histórica e cultural do café, planta tão presente no cotidiano brasileiro. A exposição é uma reflexão sobre os sistemas de produção em torno do café e sua influência na economia e na cultura do país.

O título da exposição é inspirado em um provérbio Yorùbá que celebra a resiliência dos que resistem em condições adversas. Lessa utiliza suas esculturas como uma forma de homenagear aqueles que constroem riquezas mesmo diante de violência e injustiça. Sua obra é uma tentativa de integrar sistemas de bem viver à produção de comida, promovendo um diálogo entre arte e agricultura.