voltar

Gilvan Samico

“A Conquista do Fogo e do Grão”, 2010

92.7 x 47.5 cm

Dono de um estilo inconfundível, Gilvan Samico conseguiu como poucos implementar um projeto artístico que unia a arte considerada erudita à cultura popular. Seu trabalho como gravador, pintor e desenhista influenciou várias gerações e incorporou um profundo conhecimento das tradições brasileiras, especialmente do Nordeste. Durante sua formação, estudou xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e gravura com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Samico foi, ao lado de Abelardo da Hora e de outros artistas, um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade Moderna do Recife, na década de 1950. Com uma produção que dialoga com símbolos da cultura nordestina, entre eles a literatura de cordel, se aproxima do Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna, que era um admirador de seu trabalho. Para o estudioso Fábio Fonseca, a gravura de Samico compreende um processo no qual popular e erudito se misturam. O popular contribui como fonte temática e formal, mas sua gravura é erudita”.

Personagens míticos, religiosos, fantásticos permeavam seu imaginário, misturados a elementos observados no cotidiano, como animais, elementos da natureza e personagens humanos, do povo. Em seu ateliê localizado em Olinda, Gilvan Samico estabeleceu um universo particular, com um tempo de produção próprio. Por ano, normalmente desenvolvia apenas uma xilogravura, o que não significa que seu processo criativo fosse estagnado – estava constantemente fabulando e trabalhando em estudos e desenhos para suas obras.

A previsão técnica marca seu trabalho e a relação com a madeira permeava o processo produtivo como um todo, com Samico produzindo também as matrizes de suas xilogravuras. Vencedor de vários prêmios, inclusive na Bienal de Veneza, Gilvan Samico tem suas obras presentes em coleções particulares e de instituições nacionais, como o Museu Nacional de Brasília e a Pinacoteca de São Paulo, e internacionais, como o MoMa, Museu de Arte Moderna de Nova York, , o Museo de Bellas Artes La Coruña, na Espanha.