Lula Cardoso Ayres

Lula Cardoso Ayres – Luiz Gonzaga Cardoso Ayres (1910-1987) foi um pintor, fotógrafo, desenhista, ilustrador, muralista e cenógrafo pernambucano. A formação artística de Lula Cardoso Ayres começou cedo, aos 12 anos, por meio de aulas de pintura e desenho com Heinrich Moser, entre 1922 e 1924. Em 1925, Lula viaja para Paris, onde frequentou a primeira Exposição Internacional de Arte Decorativa. Ao retornar a Brasil, um ano seguinte, Lula Cardoso Ayres passa a frequentar informalmente a Escola Nacional de Belas Artes, onde aprimora a sua formação artística estudando com Carlos Chambelland, a partir dessa experiência adquire o domínio dos meios-tons na representação dos volumes, através dos exercícios de desenho com modelos de gesso. Sua inserção no meio artístico inicialmente ocorre por meio da ilustração. Durante a sua produção gráfica no Rio de Janeiro, ele retratou tanto a figura feminina quanto os avanços e as conquistas da modernidade. Ainda nos primeiros anos da década de 1930, Lula Cardoso Ayres retorna a Pernambuco, esse retorno será fundamental para a consolidação da sua poética artística por assim dizer. Seu interesse pelos costumes, pelas festas e manifestações artísticas populares fez com que o artista realizasse incursões por pequenos povoados da região. Da observação dessas manifestações culturais, surgiram diversos desenhos e uma extensa produção fotográfica. O interesse de Lula Cardoso Ayres pelos modos de vida e rituais dos povos interioranos foi moldado pela convivência com o poeta Ascenso Ferreira e com o sociólogo Gilberto Freyre. As cores e as formas do barro são de certa forma transferidas por Lula para o seu desenho e para a sua pintura. Sua produção pictórica, já em meados dos anos da década de 1940 é marcada por telas com temática social. Em 1947, funda um curso de desenho para crianças. Como professor, Lula se faz presente, de forma muito ativa, na Escola de Belas Artes do Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A partir de 1950, Lula Cardoso Ayres redimensiona a sua produção para o abstracionismo, embora sem abrir mão totalmente do figurativismo. Entre 1951 e 1955, participou das três primeiras Bienais de São Paulo. Em 1960, realizou uma exposição retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), organizada por Pietro Maria Bardi, com destaque para seus trabalhos mais recentes. O desenho foi sua primeira fase, seguida pela pintura e outras, sempre se fixando nas figuras femininas, alternadas pela fase dos “portões”, da chamada “assombração” e outras. Em meados dos anos 1960, sua produção retoma a figuração em representações femininas, de bichos ou animais fantásticos. Realiza, em 1984, painéis para o metrô do Recife. Após sua morte, foi homenageado pela Associação dos Artistas Plásticos Profissionais do Recife. Lula Cardoso Ayres ainda é um nome mencionado por quase todos os escritores que se debruçaram sobre a arte, sobretudo, a pintura pernambucana.