voltar

Siron Franco

“Boca, cabeça, olho, orelha”, 1997 - 2022

Óleo sobre tela
135 x 155 cm

Gessiron Alves Franco, mais conhecido como Siron Franco, é um artista plástico, pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte brasileiro, nascido em 25 de julho de 1947, em Goiás. Observador do cotidiano, com uma identidade artística questionadora e inquieta, Siron lança mão de suas obras como ferramentas de denúncia, dando visibilidade às questões indígenas, dos direitos humanos e do combate à violência.

Seu trabalho alcança notoriedade a partir da década de 1970, evidenciada tanto pela forte expressividade, pela experimentação material e por suas temáticas de interesse. As expressas camadas de tinta a óleo que cobrem suas telas, assim como os materiais brutos de suas esculturas e instalações, marcam sua produção. A atmosfera onírica do universo poético que delineou em seus cinquenta anos de carreira emprega o fantástico para trazer à tona questões políticas e sociais. O próprio artista, certa vez, referiu-se à sua obra como uma tentativa, à sua maneira, de deixar um testemunho de sua época em forma de crônica visual. Nesse sentido, o relato pictórico mais dramático contido em sua trajetória artística seja a notória Série Césio (1987), cujo objetivo é provocar e refletir sobre a tragédia decorrente do vazamento de material radioativo em Goiânia, Goiás.

Apesar disto, faz-se necessário ressaltar que a matéria prima deste cronista visual não se restringe ou não consistem as transformadoras tragédias, mas, sobretudo, as dimensões da vida cotidiana. Franco estabeleceu ao longo de sua produção visual, uma profunda ligação com o misterioso, expresso em suas pinturas por figuras deformadas, imprecisas e fantasmáticas. Muitos destes seus trabalhos, o retrato de uma simples cena do dia a dia, banal, simples, é transformada por Siron numa expressão de simbolismos, diretamente contaminada e transformada pelo inconsciente.

Siron Franco é um artista que tem na figura humana um de seus principais recursos expressivos, por isso, muitos críticos apontam uma aproximação com a estética de pintores como Francis Bacon e Iberê Camargo. Durante a década de 1990, Franco deu ênfase nesse recurso expressivo, sobretudo, quando tratou da figura humana de diferentes formas em seu trabalho, apresentado mais de uma forma enigmática, fria, por assim dizer. Siron Franco redimensiona sua produção de uma figuração mais flagrante para experimentações com texturas, arranjos cromáticos, buscando um certo limite ou encontro, entre o abstrato e o figurativo. A liberdade que sua temática lhe proporciona, Siron ainda emprega técnicas e materiais menos utilizados em sua produção, onde explora grafismos, colagens e desenhos. Ao longo de sua carreira, participou de exposições em importantes museus nacionais e internacionais, como, por exemplo, o MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca de São Paulo, The Bronx Museum of Arts, nos Estados Unidos e Nagoya City Art, no Japão. Participou ainda da Bienal de Havana, e de diversas edições do Panorama de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, além, por fim, de participar da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado na sua décima terceira edição.