Da ordem dos encantos

curadoria de Catarina Duncan

Da ordem dos encantos’, inclui obras de artistas de diversas gerações que transgridem classificações ao circularem entre universos e tempos. Os artistas aqui apresentados resistem a categorizações e suas obras propõem narrativas encantadas, seja pela ritualização de processos ancestrais como nas obras de Bozó Bacamarte, seja pela criação de seres imaginários na obra de Rayana Rayo e Francisco Brennand, na busca por outras narrativas territoriais na obra de Bruno Faria, em processos meditativos baseados na filosofia Zen e Tantra com Montez Magno ou pela narrativa de mitos formadores como faz Gilvan Samico e Miriam Inez da Silva. Em território de milagre, o direito ao sonho se torna imprescindível.

No livro ‘Encantamento – sobre política de vida’ os escritores Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino fazem referência a necessidade de ‘re-encantar’ o mundo. Nessa busca, as obras mostram uma pesquisa aprofundada na ideia de encantamento como política de vida, reconhecendo as forças visiveis e invisiveis que nos formam enquanto sociedade. Temos aqui uma maioria de artistas de diversas gerações e regiões de Pernambuco, com exceção de Miriam, artista goiana radicada no Rio de Janeiro.

A ideia de ascensão espiritual na arte nos conecta com a possibilidade de repensar a fantasia, o enigma e o encante com narrativas outras de existência. Reconhecer o sagrado que habita essas obras é reconhecer uma formação de um Brasil extraordinário. Pinturas, esculturas, xilogravuras e colagens podem ser vistas como mantras em uma conexão além da linguagem.

A artista Rayana Rayo descreve em seu processo que “o sonho é uma presença material essencial neste diálogo, pois nele encontramos os imaginários e reorganizamos também nossos desejos de um mundo distinto do hegemônico”. Ao substituir a imposição imperialista que implica na desvalorização de cosmologias ancestrais, reforçamos a potência do corpo, da paisagem e da
natureza como força e símbolo do nosso território.

Bozó Bacamarte

Recife-PE | 1988

Vindo do Movimento de Arte Urbana de Pernambuco, Bozó Bacamarte tem obras com influência da xilogravura – como as produzidas pelos mestres Gilvan Samico e J. Borges –, além de elementos do Movimento Armorial, a exemplo de Ariano Suassuna. Desde cedo, constantemente imerso no caos urbano e de informação existentes nas ruas de grandes cidades como Recife e Olinda, Bozó sentiu a necessidade de buscar uma comunicação mais direta com o público. Para isso, encontrou, no próprio cotidiano, o repertório iconográfico necessário para nortear o seu processo criativo. O povo nordestino, com suas expressões visuais, comportamentos, histórias, crenças e superstições, além do humor e do surrealismo, é tema recorrente no trabalho do artista.

Bozó Bacamarte
Caminhos abertos, 2022
Acrílica sobre eucatex
160 x 80 cm
Bozó Bacamarte
Sem título, 2021
Acrílica sobre eucatex
100 x 100 cm
Bozó Bacamarte
Sem título, 2022
Acrílica sobre eucatex
100 x 200 cm
Bozó Bacamarte
Preparativos de um festejo, 2022
Acrílica sobre tela
110 x 90 cm
Bozó Bacamarte
Os dois irmãos de Jurevá, 2022
Acrílica sobre tela
80 x 60 cm
Bozó Bacamarte
O galo de demanda, 2022
Acrílica sobre tela
50 x 70 cm

Bajado

Marial-PE | 1912
Olinda-PE | 1996

Pintor, desenhista e cartazista. Aos 13 anos, muda-se para Catende, Pernambuco, onde trabalha no cinema da cidade e cria histórias em quadrinho após assistir filmes sobre o velho oeste. Em 1930, mora um ano em Recife, produzindo cartazes e fachadas para diversas lojas. Dois anos mais tarde, emprega-se em uma gráfica como linotipista.

Muda-se para Olinda em 1933, trabalhando como cartazista até 1950 no Cine Olinda. Participa dos carnavais da cidade, fundando diversos blocos e criando bonecos e estandartes. Nos anos 1950, desenha com os cartunistas Péricles (1924-1961) e Félix de Albuquerque (1911-?) a personagem Amigo da Onça, cujas histórias são publicadas na revista O Cruzeiro. Em 1964, inaugura com outros artistas de Olinda o Movimento da Arte da Ribeira. Com recursos escassos para viver e sustentar a família, ganha do marchand e leiloeiro italiano Giuseppe Baccaro (1930) uma casa, em que passa a viver a partir de 1972. Em 1975, os diretores Fernando Spencer (1927-2014) e Celso Marconi (1930) realizam o documentário Bajado – Um Artista de Olinda. Em 1980, é realizada a exposição 50 Anos de Bajado, sediada no Recife e, depois, em Olinda, onde, no mesmo ano, é inaugurada na Casa Bajado. Em 1985, Juliana Cuentro e José Ataíde lançam o livro Bajado Artista de Olinda. No mesmo ano é inaugurado o Cine Bajado na mesma cidade. Em 1994, é homenageado pela Unesco em exposição na França e expõe seus quadros em Portugal.

Bajado
Bumba meu boi no carnaval, 1978
Óleo sobre aglomerado de madeira
36 x 65 cm
Bajado
Bumba meu boi no frevo, 1978
Óleo sobre aglomerado de madeira
33 x 55 cm

Rayana Rayo

Recife-PE | 1988

Rayana Rayo nasceu no Recife (PE), em 1989, filha de artista plástico, tendo contato íntimo com a pintura desde a infância. Iniciou sua produção artística em 2015, depois de deixar a profissão de advogada, passando inicialmente a pintar figuras femininas como narrativa dos estudos iniciados no campo da filosofia da arte. Logo aprofundou seu processo nas criações em abstrato, se especializando até os dias de hoje em uma arte não representacional. Desenvolve temas do inconsciente, pintando principalmente de maneira intuitiva. De forma onírica, seus trabalhos atuais manifestam a interação da tristeza e da alegria, o mistério e o luto.

Rayana Rayo
O grito das Jaçanãs, 2020
Acrílica sobre madeira
225 x 155 cm
Rayana Rayo
Movimento dos barcos (díptico), 2021
Acrílica sobre tela
70 x 40 cm (cada)
Rayana Rayo
O segredo da Jurema feliz (díptico), 2022
Acrílica sobre tela
88 x 77 cm (cada)

Montez Magno

Timbaúba-PE | 1934

Montez Magno é pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador. Estuda desenho e pintura, entre 1953 e 1966. Em 1957, realiza sua primeira exposição individual no Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Recife. A partir de 1960, publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros. Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 1963 e 1964, o que lhe permite viajar por vários países da Europa. Em 1975 com o prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, retorna à Europa e vai à Argélia a estudos. De volta ao Brasil leciona escultura na Universidade Federal da Paraíba. Ilustra o livro O Diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e vários livros de sua própria autoria.

Ao longo das últimas sete décadas, a obra de Montez Magno tem se desdobrado por entre múltiplas linguagens e interesses. Com uma trajetória que se firma no momento histórico em que, no Brasil, se efetiva a passagem dos paradigmas da arte moderna àqueles da arte contemporânea, Montez Magno faz parte de uma geração que, mesmo enfrentando dificuldades políticas nos anos 1960/70, consegue dedicar-se a reler a modernidade e traçar outros caminhos às suas encruzilhadas. Sua obra é atravessada por investigações iniciais no campo da abstração e por experimentações posteriores – objetos, propostas, projetos arquitetônicos, poesia visual, dentre outros -, bem como é preenchida por poesia (o artista já publicou mais de dez livros de poemas).

Montez Magno
Sem título, série Tantra, 2003
Óleo sobre tela
170 x 170 cm

Gilvan Samico

Recife-PE | 1928 – 2013

Gilvan Samico apresenta em suas gravuras mitos e cosmologias repletos de simbologias. Suas composições te?m a simetria e a verticalidade como valores que organizam narrativas sobre a natureza – sendo homens e mulheres parte desse ambiente – e instâncias sagradas que se relacionam com a vida terrena. Iniciou sua pra?tica arti?stica como autodidata no Recife, mas depois estudou sob tutela de Li?vio Abramo e Oswaldo Goeldi. A impressão de suas gravuras era feita de forma minuciosa e manual

Samico foi, ao lado de Abelardo da Hora e de outros artistas, um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade Moderna do Recife, na década de 1950. Com uma produção que dialoga com símbolos da cultura nordestina, entre eles a literatura de cordel, se aproxima do Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna, que era um admirador de seu trabalho. Para o estudioso Fábio Fonseca, a gravura de Samico “compreende um processo no qual popular e erudito se misturam. O popular contribui como fonte temática e formal, mas sua gravura é erudita”.

Personagens míticos, religiosos, fantásticos permeavam seu imaginário, misturados a elementos observados no cotidiano, como animais, elementos da natureza e personagens humanos, do povo. Em seu ateliê localizado em Olinda, Gilvan Samico estabeleceu um universo particular, com um tempo de produção próprio. Por ano, normalmente desenvolvia apenas uma xilogravura, o que não significa que seu processo criativo fosse estagnado – estava constantemente fabulando e trabalhando em estudos e desenhos para suas obras.

A precisão técnica marca seu trabalho e a relação com a madeira permeava o processo produtivo como um todo, com samico produzindo também as matrizes de suas xilogravuras. Vencedor de vários prêmios, inclusive na Bienal de Veneza, Gilvan Samico tem suas obras presentes em coleções particulares e de instituições nacionais, como o Museu Nacional de Brasília e a Pinacoteca de São Paulo, e internacionais, como o MoMa, Museu de Arte Moderna de Nova York, o Museo de Bellas Artes La Coruña, na Espanha.

Gilvan SamicoO Sagrado, 1997
Xilogravura
56,1 x 80,4 cm
Gilvan SamicoA árvore da vida e o Infinito azul, 2006
Xilogravura
93 x 50 cm
Gilvan SamicoO Enigma, 1990
Xilogravura
85,9 x 53 cm
Gilvan SamicoCriação – Pássaros e Peixes, 1992
Xilogravura
90,5 x 50 cm
Gilvan SamicoO Retorno, 1995
Xilogravura
56,1 x 80,4 cm
Gilvan SamicoRumores de guerra em tempos de paz, 2001
Xilogravura
90,5 x 49,5 cm
Gilvan SamicoO Devorador de estrelas, 1999
Xilogravura
93 x 50 cm
Gilvan SamicoAscensão, 2004
Xilogravura
93,2 x 53,5 cm
Gilvan SamicoFruto-flor, 1998
Xilogravura
90 x 50 cm

Francisco Brennand

Recife-PE | 1927-2019

Francisco Brennand inicia sua prática artística na década de 1940. Em 1949, viaja a Paris para estudar pintura. Em 1950, obtém o segundo prêmio do 9o Salão de Pernambuco com a tela “Mamão e Bananas”. Em 1961, Brennand inicia a produção do mural cerâmico “Batalha dos Guararapes”, com poemas de Cesar Leal e Ariano Suassuna, na Rua das Flores, em Recife. Posteriormente, em 1968, colabora com Suassuna na criação do figurino para a primeira montagem cinematográfica de O Auto da Compadecida. Em 1971, participa da 11a Bienal de São Paulo com 12 telas. No mesmo ano, após visitar as ruínas da Cerâmica São João, antiga fábrica de cerâmica fundada por seu pai, Brennand renova o espaço e monta um estúdio, criando o que conhecemos hoje como Oficina Brennand.

Entre 1975 e 1985, produz muitas das esculturas que ocupam a Oficina, onde desenvolveu e afinou seu imaginário cerâmico. Nos anos seguintes, produz murais e painéis para diversos edifícios públicos e empresariais. Em 1985, é convidado a participar da 18a Bienal de São Paulo. No mesmo ano, recebe a medalha de “Officier de L’Ordre des Arts et des Lettres” do Ministério da Cultura da França. Em 1989, participa da 2a Bienal Internacional de Óbidos, em Portugal. No ano seguinte, representa o Brasil na 44a Bienal de Veneza. Em 1992, integra as coletivas EXPO 92, em Sevilha, e Imagem do Brasil/A Procura Europeia de um Paraíso Terrestre e a Arte Moderna Brasileira, em Zurique.

Em 1993, o Staatliche Kunsthalle, em Berlim, realiza uma grande retrospectiva de sua obra. No mesmo ano, recebe o Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, conferido pela OEA – Organização dos Estados Americanos, em Washington, D.C. Realiza “O Grande Sol” (1995– 1996) para o MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife. Em 2000, cria o “Parque das Esculturas” (2000), localizado no Marco Zero de Recife, parte do projeto “Eu vi o mundo… Ele começava no Recife”, que conta com quase 100 obras do artista. Entre suas obras mais recentes, produziu “O Gigante Nabuco” (2010), para a Academia Brasileira de Letras do Rio de Janeiro, e “Pássaro Rocca” (2013), localizado na estação Trianon-Masp do metrô, em São Paulo.

Francisco Brennand
Sem título, 1976
Escultura em cerâmica
80 x 40 cm
Francisco Brennand
Sem título, 1978
Escultura em cerâmica
90 x 30 x 30 cm
Francisco Brennand
Sem título, 1976
Escultura em cerâmica
56 x 30 cm
Francisco Brennand
Sem título, 1984
Escultura em cerâmica
90 x 30 x 30 cm
Francisco Brennand
Sem título, s.d
Escultura em cerâmica
67 x 32 cm
Francisco Brennand
Sem título, 1982
Placa escultórica
50 x 35 cm
Francisco Brennand
Sem título, 1982
Placa escultórica
48 x 34 cm
Francisco Brennand
Sem título, 1982
Placa escultórica
46 x 23 cm

Bruno Faria

Recife-PE | 1981

Bruno Faria nasceu no Recife (PE), em 1981, vive e trabalha entre Recife e São Paulo. Mestre em poéticas visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG, seus trabalhos partem de investigações relacionadas à contextos específicos, que são apresentados em diferentes mídias como instalação, intervenção, escultura, publicação ou outras mídias. Trabalhos que partem sempre de uma operação conceitual acerca de questões críticas relacionadas ao espaço público, a arquitetura e seu olhar sobre o mundo, por meio de pesquisas históricas em arquivos e em diversos outros lugares que podem revelar algum material adequado para um novo uso, através da prática do artista. Passado, presente e futuro são vistos como matéria de pesquisa em sua produção.

Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Recife, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Fernando de Noronha, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Manaus, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Aracaju, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Aracaju, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - São Luís, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Recife, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Manaus, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm
Bruno Faria
Lembranças de Paisagem - Rio Branco, 2022
Pintura e gravura sobre tecido
63 x 34 cm

Mestre Cornélio de Abreu

Campo Maior-PI | 1956

Mestre Cornélio de Abreu é um dos principais expoentes da arte popular do Piauí. Suas mãos habilidosas dão forma a esculturas em madeira com impressionante riqueza de detalhes, elaboradas em cedro e pequi. Apesar de seguir a importante tradição de arte santeira dos mestres escultores do estado, os totens se tornaram sua criação mais marcante. Como mantras que invocam o sagrado, repete formas que remetem aos totens das tradições nativas elementares, com as suas imagens duais, ao mesmo tempo animal e humana. Suas imagens também reproduzem símbolos locais. Com sua capacidade criativa, Mestre Cornélio conquistou vários prêmios e tem inúmeras participações em exposições no Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, São Paulo e mostras internacionais na Argentina e na Itália.

Mestre Cornélio de Abreu
Sem título, 2006
Escultura em madeira
250 x 22 x 20 cm

Miriam Inez da Silva

Trindade-GO | 1939
Rio de Janeiro-RJ | 1996

Miriam Inêz da Silva desenvolveu uma trajetória marcada por algumas rupturas e tensões significativas que imprimem maior grau de interesse e de sofisticação à sua produção artística. Nascida em Trindade, Goiás, onde cursou a Escola Goiana de Artes Plásticas, migrou para o Rio de Janeiro e aí frequentou o curso de Pintura de Ivan Serpa, realizado no Museu de Arte Moderna (MAM), em 1962-1963. Ela mudou de uma cultura popular do interior brasileiro, das festividades religiosas, mitos orais, ex-votos e folguedos infantis, para uma sociedade metropolitana, permeada pela cultura de massa da música, teatro, cinema e da história em quadrinhos. A artista iniciou a sua carreira como gravadora reconhecida imediatamente pelo circuito institucional, participando nessa condição da Bienal de São Paulo, nas edições de 1963 (VII Bienal) e 1967 (IX Bienal) e da 1ª e da 2ª Exposição da Jovem Gravura Nacional no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Se Miriam se transfere de uma cultura popular para uma cultura de massa, em seguida deverá deslocar-se do ambiente noturno das gravuras para o meio solar das pinturas.

Miriam Inez da Silva
A gula..., 1977
Óleo sobre madeira
19,7 x 15,2 cm
Miriam Inez da Silva
A preguiça, 1977
Óleo sobre madeira
19,5 x 15 cm
Miriam Inez da Silva
A ira, 1973
Óleo sobre madeira
16,6 x 16,3 cm
Miriam Inez da Silva
A calúnia, 1978
Óleo sobre madeira
20,3 x 14,9 cm
Miriam Inez da Silva
A usura, 1978
Óleo sobre madeira
21,6 x 15,2 cm
Miriam Inez da Silva
A ira, 1977
Óleo sobre madeira
19,5 x 15 cm
Miriam Inez da Silva
O orgulho..., 1977
Óleo sobre madeira
19,7 x 15 cm