Francisco Brennand

Curadoria: Germano Dushá

“Aproximar a cerâmica do feitiço não é uma associação ocasional e sim uma realidade, embora uma realidade que me escapa, sobre a qual não tenho nenhum poder. Quando eu pinto, sou um artista ocidental. Quando faço cerâmica, não tenho pátria; minha pátria é o abismo pelo qual vou resvalando sem saber o que encontrarei no fundo. Como tenho arrefecido os meus ardores, sigo planando sobre os desfiladeiros.”

Francisco Brennand 

Francisco Brennand (1927-2019) 

A arte de Francisco Brennand permeia o imaginário cultural de Pernambuco. Em frente à Praça Rio Branco, no Marco Zero do Recife, entre o rio e o mar, está o Parque das Esculturas, que abriga algumas de suas obras, entre elas a icônica Torre de Cristal. Ao longo da capital pernambucana, pode-se ver ainda suas intervenções em vários pontos, em seus painéis e murais de grande dimensão (como o “A Batalha dos Guararapes”, no bairro de Santo Antônio) ou no seu inconfundível trabalho em cerâmica. O artista visual deixou um vasto legado, entre eles o monumental espaço de sua oficina, localizada na Várzea, que oferece um mergulho no seu universo singular. Apesar da proeminência de seu trabalho em cerâmica, seu trabalho passeia por várias técnicas, como pintura, desenho, tapeçaria, entre outras. 

Sua educação formal nas artes começa na década de 1940 e tem entre seus primeiros mestres Abelardo da Hora, que trabalhou na Oficina São João, da família Brennand, de quem recebe valiosas lições sobre o processo de modelar. Na pintura, é orientado por nomes como Álvaro Amorim e Murillo La Greca e, em 1949, muda-se para Paris, onde tem contato com as obras de Pablo Picasso e Joan Miró, espanhóis cujos trabalhos em cerâmica tiveram forte impacto no pernambucano, entre outros vanguardistas europeus. 

E até a década de 1950 a pintura era a principal expressão de Francisco Brennand, nos anos seguintes a cerâmica vai ganhando cada vez mais espaço e torna-se sua assinatura. No entanto, mesmo quando a cerâmica tornou-se sua principal expressão, entendendo-a para além do perfil utilitário, ele afirmava que continuava se vendo como um pintor.

Ao longo de sua trajetória, o artista manteve diálogo com artistas de diferentes épocas, contribuiu com o Movimento Armorial, com o Programa Nacional de Alfabetização, capitaneado por Paulo Freire, além de dialogar com outras linguagens, como o teatro. Brennand assinou a cenografia do Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP), nos anos 1950, e volta a assumir a função em 1969, na montagem de A Farsa da Boa Preguiça, do Teatro Popular do Nordeste (PTN), com direção de Hermilo Borba Filho. No cinema, colabora com os figurinos de A Compadecida, também de 1969, dirigido por George Jonas.

Intelectual e estudioso da história da arte, Brennand imprimiu em suas obras referências mitológicas, históricas, religiosas e à natureza que, mescladas à sua fértil imaginação e ao seu interesse por estudar o desejo e o sexo, resultaram em trabalhos impactantes e singulares. Em 2001, à revista Continente ele se definiu como “feudal, supersticioso e pornográfico”. “E digo mais: quando não existem superstições catalogadas, eu invento”, afirmou.

Francisco Brennand
“Lagarta Amarela”, 1967
Óleo sobre tela
130 x 190 cm
Francisco Brennand
“A Dança”, 1977-1981
Óleo sobre tela
115 x 85 cm
Francisco Brennand
“Mural cerâmico IV”, 2014
Cerâmica
255 x 141 cm
Francisco Brennand
“Mural cerâmico VI”, 2014
Cerâmica
255 x 141 cm
Francisco Brennand
“O Guardião I”, 1977
Cerâmica vitrificada
128 x 50 x 46 cm
Francisco Brennand
“O Guardião II”, 1977
Cerâmica vitrificada
127 x 46 x 45 cm
Francisco Brennand
“Pã”, 1978
Escultura em Bronze
140 x 41,5 x 41,5 cm
Francisco Brennand
“Perfil II”, 1982
Cerâmica vitrificada
95 x 43 x 34,5 cm
Francisco Brennand
“Perfil I”, 1982
Cerâmica vitrificada
95 x 43 x 35,5 cm
Francisco Brennand
“Maya”, 1981
Cerâmica vitrificada
156 x 54 x 54 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1984
Cerâmica vitrificada
63 x 45 x 50 cm
Francisco Brennand
“Flores Verdes”, 1963
Cerâmica vitrificada
54 x 23 cm
Francisco Brennand
“Vaso”, 1975
Cerâmica vitrificada
65 x 55 x 26 cm
Francisco Brennand
“Bule”, 1981
Cerâmica vitrificada
76 x 42 x 37 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1978
Escultura em cerâmica
88 x 43 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, s.d.
Escultura em cerâmica
67 x 32 cm
Francisco Brennand
“Jacaré”, 1980
Cerâmica vitrificada
37 x 150 x 46 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
41 x 27 x 14 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
40 x 26 x 10 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
41 x 26 x 8 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
48 x 34 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
46 x 23 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
25 x 40 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
46 x 23 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1982
Placa escultórica
46 x 23 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1984
Escultura em cerâmica
45 x 21 cm
Francisco Brennand
“Ídolo”, 1980
Escultura em cerâmica
81 x 37 cm
Francisco Brennand
“Les Amants”, 1979
Cerâmica vitrificada
73 x 58 x 40 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1978
Vaso em cerâmica
28 x 42 cm
Francisco Brennand
“Máskara Grega”, 1982
Cerâmica vitrificada
98 x 38 x 58 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1976
Escultura em cerâmica
80 x 40 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1979
Escultura em cerâmica
90 x 30 x 30 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1976
Escultura em cerâmica
56 x 30 cm
Francisco Brennand
“Sem título”, 1984
Escultura em cerâmica
90 x 30 x 30 cm
Francisco Brennand
“Folhas Verdes”, 1967
Cerâmica vitrificada
70 x 41 cm
Francisco Brennand
Óleo sobre Eucatex, 1980
80 x 60 cm
Francisco Brennand
“Jarro com flores – série Floral”, 1993
Óleo sobre Eucatex
60 x 50 cm